INTEGRIDADE

Partindo-se de Roma e cruzando o mar, chegava-se antigamente a uma grande cidade chamada Cartago. Os romanos nunca foram muito simpáticos aos cartagineses e os dois povos acabaram entrando em guerra. Durante algum tempo, não se podia dizer qual dos dois sairia vitorioso. Ora os romanos ganhavam uma batalha, ora os cartagineses; e assim prosseguiram por muitos anos.

Dentre os romanos, havia um corajoso general chamado Régulo, tido por todos como homem que jamais deixava de cumprir a palavra. Numa ocasião, foi derrotado e levado para Cartago. Na prisão, solitário e abatido, sonhava com a mulher e os filhos pequenos do outro lado do mar; e tinha poucas esperanças de tornar a vê-los. Amava muito a família mas tinha a obrigação para com seu país em primeiro lugar; por isso os havia deixado e partido para a guerra cruel.
Perdera uma batalha e tornou-se prisioneiro. Sabia, porém, que os romanos estavam ganhando terreno; e o povo de Cartago temia a derrota final. Os exércitos inimigos haviam pedido reforços a países vizinhos; mesmo assim, não seriam capazes de continuar lutando contra Roma por muito tempo.
Um dia, algumas autoridades de Cartago foram ter com Régulo na prisão.
— Nós gostaríamos de propor a paz aos romanos. Temos certeza de que, se soubessem do andamento da guerra, seus dirigentes ficariam satisfeitos em fazer as pazes connosco. Iremos libertá-lo a fim de que retorne para casa, se você concordar em seguir nossas instruções.
— E quais são elas — perguntou Régulo.
— Em primeiro lugar, conte aos romanos sobre as batalhas que perdeu; e deixe claro, para todos, que nada ganharam com a guerra. Em segundo lugar, prometa que, se eles não aceitarem a paz, você retornará para a prisão.
— Pois bem! Prometo que, se eles não aceitarem a paz, eu retornarei à prisão.
Os cartagineses, então, deixaram-no partir, pois sabiam que um grande romano manteria a palavra.
Ao chegar a Roma, foi recebido por todos com alegria. A mulher e os filhos ficaram muito felizes, pois achavam que não mais tornariam a se separar. Os velhos membros do conselho romano vieram vê-lo, e indagaram sobre a guerra.
— Fui enviado de Cartago para pedir-lhes a paz — disse ele. — Mas não será uma decisão sábia, se assim resolverem. É verdade que perdemos algumas batalhas, mas nossos exércitos estão ganhando terreno a cada dia. Os cartagineses estão temerosos, e com razão. Mantenham a guerra um pouco mais, e Cartago logo será sua. Quanto a mim, vim me despedir de minha mulher, de meus filhos e de Roma. Amanhã retorno para a prisão em Cartago, pois foi o que prometi.
Os conselheiros tentaram persuadi-lo a ficar.
— Vamos enviar uma outra pessoa em seu lugar.
— Como pode um romano deixar de cumprir com a palavra — retrucou Régulo — Estou enfermo e certamente não viverei muito tempo mais. Volto, conforme o prometido.
Sua família chorou muito e os filhos pediram que não os deixasse. Mas Régulo foi categórico:
— Empenhei minha palavra. O resto se resolverá.
Despediu-se de todos e retornou corajosamente para a prisão, ao encontro do destino que o esperava.
Quando se é íntegro, se o é em tudo.

Que o teu falar seja sempre Sim, sim; não, não. O que passar disto vem do maligno. (Mateus 5:37)

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